O objetivo último de qualquer pratica meditativa é aproximar o ser humano de sua natureza interna, de sua essência. A qual também pode ser entendia como estado de total redenção, ou encontro com Deus, com o Paraíso interno. Todas essas palavras expressam o mesmo princípio: o homem se torna um com o Todo, atinge sua plenitude, sua total liberação do sofrimento. Esse é o principal objetivo, e benefício, da meditação.
Todas essas idéias, nos ensinamentos budistas, remetem ao termo Samadhi. Samadhi é o estado de arrebatamento, de êxtase completo. Nesse estado de consciência está disponível a capacidade de controle absoluto sobre si mesmo, isto é, sobre as próprias faculdades físicas , emocionais e mentais. Chegar a esse estado é uma conseqüência natural de duas coisas: da prática e de insights sobre a idéia de Impermanência, de Não-eu (ou Não-ego) e de Ser Interno.
A atenção e a equanimidade são cultivadas através da prática. Dessa forma consegue-se driblar o dogma da compreensão intelectual, da mera teoria sobre um assunto. Pois quando um conceito não é vivenciado de maneira prática, ele se torna um “pré-conceito”. Continua existindo apenas em nível teórico, no plano das idéias, na mente, e não se concretiza na ação.
Eis a importância da prática!
Conforme a prática, cada pessoa segue apropriando-se cada vez mais da natureza desses conceitos. Assim ela consegue observar a si, e às demais pessoas e seres, à luz da impermanência. Caminho pelo qual se apropria, aos poucos, da consciência do estado de Samadhi.
Com uma sincera dedicação à prática, o exposto acima é vivenciado aos poucos na vida cotidiana. Como o crescimento de uma plantinha, gradativamente, um saber do que deve ser feito AGORA, para trazer alegria e amor para si e para os outros seres, começa a tomar espaço na consciência. Uma vez que ontem ou amanhã (passado ou futuro) só existem como idéias, como uma incapacidade da mente permanecer no presente.
Depois de praticar a meditação sentada por certo período de tempo, vamos nos apropriando da capacidade de sentir esse estado. Progressivamente, entrar nesse estado quando caminharmos nas florestas, ao lado de um rio, ou de uma montanha é conquistada. Mais tarde, conquistará a capacidade de manter o samadhi mesmo em uma rua agitada, ou no meio de uma cidade barulhenta.
Os estados de samadhi podem ser frágeis no começo, mas com a prática tornam-se muito fortes. Mas no início, melhor começar numa sala silenciosa e com poucas distrações.
No caminho até o samadhi, diversos benefícios, ou “efeitos colaterais”, são experimentados:
· Diminuição do stress
· Maior relaxamento
· Aumento da concentração
· Maior compreensão das próprias dificuldades
· Expansão criativa e mental
· Elevação da consciência
· Capacidade de se colocar no lugar dos outros
· Diminuição de estados de depressão, ansiedade e irritabilidade
· Equanimidade (equilíbrio diante da sensação de prazer e sofrimento)
Há algum tempo atrás, conheci um andarilho que fez o Caminho de Santiago de Compostella. Perguntei a ele sobre a emoção de finalmente chegar à cidade depois de 30 dias caminhando. Ele pensou um pouco e respondeu: O que realmente foi importante não foi chegar à cidade, mas cada passo do caminho!
Na trilha para “o caminho do meio”, o melhor que fazemos é enfraquecer o desejo de alcançar esse estado, não cobiçar o equilíbrio. Dessa forma, ele se torna apenas mais um objeto de desejo. Esforce-se para a total entrega ao momento presente, a total entrega ao caminho, com tranqüilidade e atenção. O importante é manter a prática! Os benefícios virão.
Continue meditando...
Continue meditando!
